segunda-feira, 12 de maio de 2008

Apesar de velho, Magus Neko era bem rápido e conseguiu pegar uma certa distância de mim, o que me deixou preocupado. E se ele me deixasse ali no meio de não sei onde? Continuei pulando e resolvi me apresar, mas minha atenção foi desviada, até então eu não percebera que nas paredes haviam desenhos, como nas pirâmides egípcias, se é que realmente existem esses desenhos, não confio muito nessas revistas de exploração. Mas não estavam organizados, pareciam desconexos e sem sentido, havia um Sol, gatos malhados correndo para um lado, gatos coloridos para outro, havia um gato branco no alto de uma montanha, árvores, livros - os gatos sabe ler!? Ou melhor desenhar!! - humanos vestidos com longas capas pretas, a lua, cães, ratos e até sapos, mas uma coisa era constante, parecia que de todos os desenhos saía um fina e quase imperceptível fumaça.
Nessa hora eu já me esquecera de Magus Nekos e aproximava cada vez mais o focinho da parede afim de perceber se realmente saia algo ou também era desenhado, e ao encostá-lo acidentalmente na parede, senti uma leve brisa proveniente da parede passando pelos meus pelos e senti também o seu odor, era ácido e me deixou nauseabundo, fazendo-me cambalear para traz e quase cair. Agora já não consegui enxergar tão bem, uma bruma cobria o corredor e tudo o que conseguia ver era um líquido verde que escorria pelo chão e já estava quase encostando nas minhas patas, quanto mais se aproximava mais me sentia enjoado e cansado, queria deitar, porém uma voz no fundo da minha mente me dizia para ir embora, mas como? Eu estava pregado ao chão e a minha cabeça doía, desejei não ter tomado aquela dose que minha mãe preparara, ou melhor, desejei não ter acordado ou sequer dormido no dia anterior.
Não sei quanto tempo fiquei ali parado, mas quando o líquido finalmente encostou em mim senti uma dor intensa e sufocante, podia sentir o cheiro dos meus pelos sendo queimados e num último suspiro consegui me mexer e correr. Não era possível enxergar e a cada passo sentia o ácido corroer a minhas patas e me tirar as forças. Onde estaria Magus Neko? Será que voltaria para me buscar ou me deixara ali de propósito? Cada degrau era mais difícil de atingir do que seu antecessor e meu equilíbrio não parecia funcionar - os gato permanece sempre em pé, os reis do equiliíbrio! Aposto que a maioria dos circenses gostaria de ser uma gato para andar na corda bamba ou balançar-se no trapézio com a certeza de que seu equilíbrio era perfeito e nada lhe aconteceria. - e temia cada vez mais tropeçar e cair, não havia mais partes no chão duro de pedra sem a cobertura do líquido e eu não fazia a menor idéia de quanto mais teria que correr ou até quando aguentaria aquela tortura. Só esperava que Magus Nekos não me abandonasse ou que pelo menos não houvessem bifurcações, isso não seria nada agradável.

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2009 ·2. by TNB