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Correr, é preciso correr. Não sei até quando vou aguentar. Não tenho mais idade para esse tipo de serviço. Aaaaahhh.... Droga, dor escrota. Eles se aproximam. Merda, logo no coração a minha única parte sem implante biocibernético.

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Finalmente acabou. Bom, começar outra!


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Não consegui agüentar e cai. Escuridão. Dor. Uma luz despontou à minha distância, no início era fraca, mas foi aumentando até me ofuscar. Quando já não conseguia mais enxergar senti o meu corpo ser puxado fortemente para cima. Agora a minha volta estava um muro de pedras, como se eu emergisse de um poço.
Com um salto já estava de pé. De novo. Malditos sonhos. Apagões. Só o que não consigo entender é porque toda vez que desperto a minha roupa está completamente destruída e os gatos mortos se foram. É culpa da minha mãe e suas doses de heroína caseira. É melhor voltar para casa, já está para amanhecer e quando chegar em casa, minha mamãe estará preparando outra.
Acho que vou começar a caçar cães.

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Apesar de velho, Magus Neko era bem rápido e conseguiu pegar uma certa distância de mim, o que me deixou preocupado. E se ele me deixasse ali no meio de não sei onde? Continuei pulando e resolvi me apresar, mas minha atenção foi desviada, até então eu não percebera que nas paredes haviam desenhos, como nas pirâmides egípcias, se é que realmente existem esses desenhos, não confio muito nessas revistas de exploração. Mas não estavam organizados, pareciam desconexos e sem sentido, havia um Sol, gatos malhados correndo para um lado, gatos coloridos para outro, havia um gato branco no alto de uma montanha, árvores, livros - os gatos sabe ler!? Ou melhor desenhar!! - humanos vestidos com longas capas pretas, a lua, cães, ratos e até sapos, mas uma coisa era constante, parecia que de todos os desenhos saía um fina e quase imperceptível fumaça.
Nessa hora eu já me esquecera de Magus Nekos e aproximava cada vez mais o focinho da parede afim de perceber se realmente saia algo ou também era desenhado, e ao encostá-lo acidentalmente na parede, senti uma leve brisa proveniente da parede passando pelos meus pelos e senti também o seu odor, era ácido e me deixou nauseabundo, fazendo-me cambalear para traz e quase cair. Agora já não consegui enxergar tão bem, uma bruma cobria o corredor e tudo o que conseguia ver era um líquido verde que escorria pelo chão e já estava quase encostando nas minhas patas, quanto mais se aproximava mais me sentia enjoado e cansado, queria deitar, porém uma voz no fundo da minha mente me dizia para ir embora, mas como? Eu estava pregado ao chão e a minha cabeça doía, desejei não ter tomado aquela dose que minha mãe preparara, ou melhor, desejei não ter acordado ou sequer dormido no dia anterior.
Não sei quanto tempo fiquei ali parado, mas quando o líquido finalmente encostou em mim senti uma dor intensa e sufocante, podia sentir o cheiro dos meus pelos sendo queimados e num último suspiro consegui me mexer e correr. Não era possível enxergar e a cada passo sentia o ácido corroer a minhas patas e me tirar as forças. Onde estaria Magus Neko? Será que voltaria para me buscar ou me deixara ali de propósito? Cada degrau era mais difícil de atingir do que seu antecessor e meu equilíbrio não parecia funcionar - os gato permanece sempre em pé, os reis do equiliíbrio! Aposto que a maioria dos circenses gostaria de ser uma gato para andar na corda bamba ou balançar-se no trapézio com a certeza de que seu equilíbrio era perfeito e nada lhe aconteceria. - e temia cada vez mais tropeçar e cair, não havia mais partes no chão duro de pedra sem a cobertura do líquido e eu não fazia a menor idéia de quanto mais teria que correr ou até quando aguentaria aquela tortura. Só esperava que Magus Nekos não me abandonasse ou que pelo menos não houvessem bifurcações, isso não seria nada agradável.

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Derrepente um barulho atrás de mim fez com que eles recuassem. Uma grande porta de pedra começou a abrir. A luz invadiu toda a sala. Uma claridade fantasmagórica tomou conta do ambiente. Grandes bolas de cristais que se movimentam em baixo de cascatas de agua em toda a sala. As paredes brilham de forma tênue com uma leve claridade rosa.
Um grande gato acinzentado atravesou a porta e todos os gatos fizeram um sinal de revêrencia a ele. A cauda dele é portada ereta, as narinas apontando para baixo e as orelhas moderadamente afastadas e bem providas de tufos de pêlos. Ele me olha de cauda e focinho e vai de encontro com os outros.
- Comandante Ailuros. Esse é o humano!
- Pelos sinais que indicam a profecia, sim. Magus Neko.
O grande gato se voltou em minha direção e fitou meus olhos.
- Você acabou de se transmigrar, ainda está fraco. Não ganharia
nem de mim. Um velho gato. – Ele sorriu, duas bolas vermelhas surgiram em suas bochechas. – Venha criança. Há muito o que saber.
Mesmo ainda com um mal presentimento comecei a seguir o gato estranho.
Os outros gatos ficaram parados, em quando caminha para a o porta com o estranho gato.
Ao passar pela porta vi um estranho caminho em forma de funil, com um pequeno buraco que percebi mal passaria minha cabeça, ainda mais um gato tão grande quando ele.
Ele voltou se para mim e disse:
- Venha!
Começou a correr em direção do buraco que parecia cada vez menor e saltou.
Corri e fechei os olhos quando pulei. Sabia que o buraco era muito pequeno.
Senti minhas patas tocarem o chão. Abri os olhos. Cai em uma plataforma de pedra. Abri os olhos, estava em um imenso tubo de pedra, haviam pequenos buracos por toda a parede. Com pequenos degraus a sua frente. A claridade vinha de baixo e um estranho breu estava no alto.
- Não se preocupe é fácil. E só me sequir manter a cabeça e a coluna alinhada, mas não perder a flexibilidade. Entendeu? – disse Magus Neko, em pé ao meu lado.
Antes que eu responde-se alguma ele disparou a saltar os degraus sequindo para baixo.
Corri para alcançar ele e me sentia bem. Pulando de forma fácil e rápida os degraus. Seguindo Magus Neko.

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- Ai... Ai...Ailuraulis? - eu disse, não sabia o que fazer, todo os outros gatos ainda estavam a minha volta, me encarando e julgando. - O que está acontecendo? Eu quero voltar! - terminei.
- Aclame-se minha criança. Sou Ailuros e sua jornada está apenas começando e não queremos desespero em nosso caminho. - foi o que ela respondeu. E que jornada, ela estava maluca? Maluca!? Ela é um gato, acho que eu estava maluco!
- O que? Que jornada, como assim? Eu não sei de nada, só sei que não sou um maldito gato!! Não sou mesmo! - eu gritei. Não estava certo, eu nasci humano e assim eu pretendia ficar. Nunca tive uma bad trip tão horripilante e tanto tempo depois de injetar! - Olha aqui, tratem de me dizer o que está acontecendo!
- Não há nenhum maldito aqui minha criança, e a calma é necessária, tudo tem seu tempo. - disse Ailuros e começou a andar à minha volta. Eu não conseguia entender nada, minha atenção era sempre voltada para ela, somente ela. Ao terminar a segunda volta ela foi para perto de seus companheiros e ali ficou, parada, como uma estátua. Os outros quatro se moveram ao mesmo tempo e eu me assustei, ericei meus pelos e mostrei as minhas garras. Isso não estava certo... Eles simplesmente riram e depois de pouco tempo pararam, agora os cinco estavam dispostos a mesma distância um do outro, em uma espécie de pentágono e eu estava no centro. E agora? Ferrou. - foi a única coisa que consegui pensar.

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Em quando estava deitado percebi um movimento ao meu lado. A minha bolsa começou a se mexer. Fiquei paralizado.
Os gatos começaram a sair da bolsa cantando a música qua agora me aterrorizava.
Eles formaram um círculo ao meu redor. A música começou a aumentar a medida que eles corriam em volta de mim.
Simplesmente apaquei.
Assim que acordei lambi minhas patas ... lambi minha patas?
Era um pesadelo. Estava em um corpo de gato. Realmente era um gato. Com rabo, pêlos e bigode.
Ao me lado cinco gatos pareciam esperar que eu acordasse.
Um deles em particular me chamou atenção ... como assim chamou minha atenção?
Ela era diferente. Ela?
Tinha os pêlos longo exibindo patas brancas, a cabeça arredondada, com bochechas salientes. As orelhas tinham pontas redondas. Os olhos eram arredondados, levemente amendoados, de cor lilás.
Logo ela se adiantou e disse:
- Meu nome é Ailuros.

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E pela primeira vez não consegui seguir meu caminho. Permaneci parado, em pé, no meio da trilha, somente escutando aquela música que preenchia não só o ambiente mas também o meu ser. Com um certo esforço consegui deitar, sem ligar para o chão de terra que sujava minha roupa ou para as formigas, incessantes trabalhadoras indo buscar na natureza seu alimento e passando ao meu lado sem também ligar para mim. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali deitado, com os olhos fechados e sentindo a melodia da natureza me consumir. Mas não há comparação com o que senti ao abrir os olhos, nunca havia percebido o quão belo era o céu. Nenhuma nuvem encobria o espetáculo que com a ajuda da Lua em sua fase completa e inebriante, deixava de ser uma paisagem e tornava-se arte, como uma pintura pós-impressionista de Van Gogh, muito diferente do Dali de minhas manhãs. E ali permaneci, desejando ser um sátiro e que aquela fosse a minha música, para então, como pelas mãos de Bouguereau, ter ninfas dançando ao meu redor, e seguir pelos bosques e florestas, sem rumo, apenas tocando minha música e com as filhas de Zeus celebrar cada pincelada dada naquela tela que era pintada segundo após segundo.

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Volto para casa contente. A noite foi proveitosa, trinta e cinco gatos. Pode não parecer mais sigo um código de ética bem definido.
Não mato gatas grávidas, afinal se não nascer outros o que eu vou dar aos leões. Pombos talvez.
Caminho pelo escuridão em silêncio como de habitute. O frio me faz sentir vivo, ao contrário dos gatos.
O simples fato de sentir frio me provava que realmente eu existia. Eu sentia.
Acretido que quando algo morre, ela deixa de ser algo, ela vira coisa.
Meu caminho muda de ambiente. Saio da estrada e entro e entro em uma pequena trilha. O ar muda completamente.
Observo as sombras das àrvores ao meu redor. Sei que faltam apenas dois quilômetros até chegar em casa. Continuo meu belo caminho com minhas constatações da vida.
Um som diferente dos insetos e dos ramos das àrvores. Bate no meu ouvido.
Parece mùsica. Talvez um flautim e uma arpa. Mas nunca havia ouvido uma melodia tão bela e diferente.

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Passando para o Word dá um pouco mais do que uma página, isso com a letra tamanho 12.
Ainda falta um bocado a escrever...

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Já consegui quatro, e a noite mal começou. Mas o melhor é ir para a praça, lá nem é preciso deixar comida, sempre tem alguém alimentando os pombos nojentos de dia e as migalhas ficam espalhadas pelo chão até a manhã seguinte, isso além dos ratos, devem ter inúmeras famílias de ratos lá e não há comida melhor para um gato do que um rato bem fresco. Eu os vejo passando, assumo uma posição e permaneço em silêncio... Ele está na minha mira, seu pelo é claro como um sorvete de creme e até que é simpático, mas prefiro dinheiro. Pronto, os outros se espalham mas logo depois ficam curiosos para ver o que aconteceu e nessa vai mais um malhado e um castanho sujo, e dizem que os gatos são animais limpos. Continuo preferindo dinheiro. Afinal de contas, a heroína não se paga sozinha! O leão se alimentará bem amanhã...

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Pegava meu instrumento de trabalho, uma Ranner. Calibre 5.5mm, com mira telescópica de 4x20. Saia de casa com a certeza que teria uma boa noite. Já havia distribuído comida em pontos estratégicos da vila. Caminha meus cinco quilômetros em silêncio. No cair da tarde gélido. Ao chegar na vila era só esperar, logo ninguém vai estar na rua. Escuto a canção noturna deles. Costumo pensar que estou caçado um predador. Afinal eles comem pássaros. Era só apoiar no ombro, mirar e disparar. O chumbo espalha-se por uma ampla área. Isto torna mais fácil acertar um alvo em movimento com uma espingarda do que com uma bala isolada de pistola ou fuzil. Vendia cada gato a quarto e oitenta para o circo. O preço de uma maço de cigarro.

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Já era cinco da tarde, dessa vez o efeito durou pouco, na realidade ainda estava fazendo efeito, mas seu ápice já passara, ficou apenas o sentimento regular de vazio que costumo sentir quando o efeito está passando. Resolvi tomar um banho, eu estava todo suado e afinal de contas eu também trabalho, mas ainda bem que trabalho à noite. É realmente notável tomar banho levemente doido, sentir a água percorrendo a superfície do seu corpo, excelente. De banho tomado, e após me alimentar com alguma sobras da geladeira e o resto do pão, parti rumo a um dos mais degradântes serviços que já fiz. Não posso reclamar, ao menos pagam bem.

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Durante alguns momentos me sentia em um espécie de nirvana. Sentia todo o cosmo. Eu era deus. Mas todo prazer exige seus custo. E eu estava disposto a pagar. Na verdade a gente sabe como isso funciona.
Rangi a mandíbula. Respirei fundo e entortei a boca, queria falar algo, mesmo não sabendo o que era. O mundo colorido foi se apagando e se transformando em um local de cores escuras e vagas. Depois nada de risada, nem conforto, a realidade. Mas a sensação de tocar em no infinito era magnifica

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Nem chegara à metade do pão e já o havia esquecido completamente. Acho que o vermelho sangue da cortina, que escorria até meus pés não me deixava concentrar, ou talvez seriam as luzes do abajur, do sol ou do sofá que não me deixavam concentrar? Não importava, nada importava. O que eu sentia era muito mais que luzes ou cores. Um prazer indescritível, que já pela manhã me fazia derreter e desaparecer.

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Eu já sabia que não seria fácil é pronto. Sou um estrangeiro. Estava a deriva de minhas próprias identidades. Ainda mas por causa da heroína que minha mãe me dava.
Minha vida oscilava entre o luz iridescente e o som vazio. Me sentia estranho por acordar todo dia as seis da manhã e sair de casa.
Andava cinco quilômentros até as mais próxima tabacaria. O frio era infernal. Mas era um tipo de missão divina que realiza.
Quando chegava na tabacaria parecia que ela nunca mudava, sempre as mesmas pessoas bebendo seus cafes, contemplando o nada.
Comprava seis maços de cigarros e uma garrafa de whisky. Tinha a opção de quardar os trocados que sobravam, mas sempre gastava comprando pelo menos um pão quando voltava para casa. Além de não gostar de whisky no café da manhã, o pão fazia parte da minha fantasia divina.
Eu sabia que iria ter andar de volta os mesmos cinco quilômetros. Qualquer tipo de conforto a essa altura é mais do que válido.
Chegava em casa é já estava lá, a primeira dose preparada.
Em quando comia meu pão e estendia meu braço. Minha mãe fazia o serviço, degustando o seu whisky, ela sempre era certeira. Eu também tenho as veias bem aparentes. As vezes considerava isso um certo dom especial.

 

2009 ·2. by TNB